O sofrimento da última quarta-feira no Pacaembú me inspirou a escrever este texto, mas
nem assim acho que vou consegui demonstrar em palavras este sentimento que
parece indescritível. O Corinthians é algo diferente de tudo que já se viu na
face da terra, talvez por isso seja tão difícil descrever.
O Timão sempre foi taxado por um clube que não tem tradição nem sorte em Libertadores,
porém esse ano definitivamente as coisas parecem que não são mais assim. Talvez
isso realmente não seja sorte e sim competência e merecimento de uma equipe que
luta sempre pela bola como se fosse a última dividida da vida. Mas mesmo assim é
bom que ela esteja junto conosco.
O Corinthiano tem a fama de ser um time historicamente marcado por vitórias sofridas e
nos minutos finais, tanto ao sair do Pacaembú o que se ouvia era a torcida gritar
incansável e orgulhosamente : Ooooo Corinthiano, maloqueiro e sofredor, graças a
Deus. No final do jogo realmente é delicioso, mas durante... meu Deus, que
sofrimento é esse ? É de matar 30 milhões do coração, algo terrível, sem
explicação.
O pior momento foi ver a história do Corinthians passar inteira na cabeça, como um
filme, em apenas 6 segundos, tempo que levou desde a cagada de Alessandro, até a
arrancada de Diego Souza e a defesa espetacular, fantástica, salvadora de Cássio
que se agigantou mais ainda na frente do camisa 10 Vascaíno.
Logo na sequência, uma bola no travessão, que por incrível que pareça incendiou o
Pacaembú.
Qualquer torcida naquela situação teria se calado e ficando em estado de choque, mas
ali estava a Fiel torcida, a Fiel que incendeia, que vibra que consegue ganhar
jogo, que faz coisas inacreditáveis e deixa os adversários boquiabertos e loucos
para um dia estarem do lado dela. Naquele lance eu e os 37 mil Corinthianos que ali
estavam, mais os outros 30 milhões que viam pela TV tivemos uma certeza : O
Corinthians ia ganhar o jogo !
Dito e feito ! O Timão cresceu no jogo e encurralou o Vasco como um gigante. Era
pressão demais, o time carioca não seria capaz de suportar o Timão fortalecido e a
torcida enlouquecida empurrando sem parar. Após escanteio muito bem batido por
Alex, Paulinho voou como um gavião e cabeceou como Baltazar empurrando a bola para
o fundo da rede aos 42 minutos dos segundo. A partir dali os 4 minutos finais
se tornaram em 4 horas e mais sofrimento para a Fiel. Ao apito do juiz, indicando o
final da partida, aquele alívio, estávamos nas semi-finais da Libertadores. É uma
loucura gostar de sofrer assim, mas no final é muito bom. Mas que fique
avisado, se quiserem ganhar sem sofrimento, nosso coração agradece. Isso é
CORINTHIANS !
Felipe Leone
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